Em 4 de março de 1946 nasce Dario José dos Santos, mais conhecido como Dario ou Dadá Maravilha.
Infância e adolescência
Por mais que todo mundo pensa Dario nasceu em Marechal Hermes no subúrbio do Rio de Janeiro. Isso mesmo, Dadá não é Mineiro. Dadá perdeu sua mãe muito cedo, logo na infância viu sua mãe colocar fogo em seu próprio corpo. O pai sem condições para criar Dario e seus dois irmãos, deixou os meninos no Serviço de Assistência aos Menores, atual Funabem.
A morte da mãe e a ausência paterna tornaram Dario uma criança revoltada e sem muitos amigos. A sua única "companheira" era uma faca bem afiada que usava para defender dar surras dos meninos que zombavam de sua cara e também usava a faca para assaltar. Dadá gostava de roubar para machucar os outros. Ele queria que as pessoas sofressem porque ele sofria.
Costumava dormir em copas de árvores, pois era o único lugar em que sentia paz. Numa dessas noites dormindo em árvores, Dario viu o fantasma da mãe. Foi ela que o fez enxergar que ele não servia para esse tipo de vida. A partir deste dia, Dario começou a enxergar o mundo com outros olhos. Foi como se tivesse nascido de novo. E longe da violência, Dario descobriu o mundo da bola.
Foi na Escola Quinze de Novembro em Quintino, que Dario viu os meninos de sua idade jogando e resolveu entrar na brincadeira. Mas Dadá não tinha intimidade nenhuma com a bola.
E por incrível que pareça Dadá começou jogando como zagueiro, mas os jogadores de sua rua eram imbatíveis. O time era formado pelos irmãos Antunes, onde tinha nada mais nada menos que Zico no time.
Primeira oportunidade de sua vida
Em 1965 Dadá tinha 18 anos e estava servindo o Exército Brasileiro quando apareceu a oportunidade de sua vida: um campeonato de futebol. Na época Dadá estava na solitária por indisciplina, e se trouxesse o título ele seria retirado.
Dito e feito, Dadá foi campeão e ainda foi artilheiro. Depois de ver Dario jogar, um sargento com nome de Valdo colocou Dadá no juniores do "Campo Grande". Mas o time não era bom, na verdade o time era muito ruim e todos os jogadores incluindo Dadá foram dispensados. Dadá tentou vários outros times, mas não passava nos testes. Tentou o trabalho braçal cavando buracos para fincar postes de luz. O trabalho miserável fez com que procurasse Gradim, técnico daquela equipe do Campo Grande. Pediu para treinar em troca de comida e que se ele aceitasse teria um artilheiro no time.
"Muito impressionado, o Gradim me disse para voltar no dia seguinte, que eu ia comer no restaurante do presidente. Fui tomar café: pãozão com manteiga, cafezão num canecão.. Do almoço eu me lembro como se fosse hoje: bifão a cavalo, aqueles ovos estalados que pareciam dois discos voadores. Depois de uma soneca boa na arquibancada, fui para o vestiário e o roupeiro me deu uma chuteira número 40, com duas travas, e calço 42. Mas como pé de pobre não tem tamanho, fui para o campo com os dedos apertados. Recebi seis bolas e, como não dava para dominar, era dar bico para o gol. Três foram lá dentro; as outras três, no pé de São Pedro. Depois do treino o presidente falou: - Não disse que esse cara era ruim? - E o gradim continuou me defendendo: - Pode ser ruim, mas não é mentiroso. Pediu um prato de comida e disse que teríamos um artilheiro. Em seis chances ele fez três gols, a média dele é boa!" Declarou Dadá
“O Gradim foi sincero comigo, disse que eu tinha 800 defeitos e duas virtudes. Uma impulsão maravilhosa e uma velocidade incrível”
Foi então contratado pelo Campo Grande e seu primeiro salário foi 105 mil cruzeiros. Dadá disputou o campeonato mineiro de 1967 e foi o grande destaque da equipe. Passou a ser titular e seu salário praticamente dobrou. Como um salário bom para a época, Dario já podia comprar coisas que não tinha antigamente em sua pobre casa em Marechal Hermes como talheres, pratos, lençol, cama e colchão.
Foi Jorge Tavares Ferreira, diretor do Atlético, que comprou o passe de Dario. As críticas e chacotas dos torcedores e dos próprios companheiros de time só faziam com que ele quisesse melhor
Dario ao encontro do Atlético
A história de Dadá com o Galo começou quando Jorge Ferreira, diretor do Galo na época, viajou para o Rio de Janeiro na intenção de contratar o meio-campo Carlinhos e foi convencido por um bêbado que estava na porta do Maracanã a assistir ao jogo do Campo Grande, porque ele precisava de um artilheiro para fazer concluir as jogadas de Carlinhos, e o nome certo para o Galo era Dario. Naquela tarde Dario fez três gols em um jogo e o diretor atleticano levou ele para Belo Horizonte.
O Início da carreira no Galo
No ínicio Dadá não tinha muito crédito com a torcida e nem com os companheiros de equipe. Amargou um ano e meio na reserva (de 68 a 69). Dadá disse uma vez que poderia vencer a forte equipe do Cruzeiro que tinha craques como Tostão, Evaldo, Piazza e Pedro Paulo e que era necessário apenas treino e que alguém acreditasse nele. Foi motivo de piada entre os outros jogadores do elenco alvinegro. O único que não riu de Dadá foi seu companheiro Ronaldo Drumond que acreditou em suas palavras e no seu potencial.
Foi com a chegada do técnico Yustrich, em 1969 que Dadá teve sua primeira grande chance no Galo. Sob novo comando, passou a ter treinos intensivos todos os dias, duas horas antes dos outros jogadores. Eram 150 cabeçadas e pelo menos 200 chutes a gol por dia. Depois de provar para Yustrich que poderia ser um grande goleador, Yustrich começou a levá-lo como reserva aos jogos. Dadá entrou em dois, um contra o Valério e outro contra o Tupi.
Faltando poucos minutos de jogo e com o Galo perdendo, Dadá conseguiu reverter o placar dando a vitória ao Galo.
E não demorou muito para que Dadá ficasse com fama de artilheiro. Dadá tinha fama de fazer gols de qualquer jeito, de nuca, de joelho, de bico e claro parando no ar. Dadá logo virou ídolo da torcida alvinegra que o tratava como um deus.
De Marechal Hermes para o mundo
Em 1969 aconteceu um jogo. O jogo foi "Atlético vs Seleção Brasileira" que na época era conhecida como "As Feras de Saldanha". O jogo terminou com
vitória do Galo. O gol da vitória foi de Dario. Ano seguinte tinha Copa do Mundo e quem era o técnico? João Saldanha que tinha uma certa implicância com Dadá e não o convocou, causando assim, revolta entre todos os brasileiros fãs de futebol.
Era época de ditadura no país e o jornalista Armando Nogueira, entrevistou o general Médici, que ocupava a presidência. Como certos assuntos eram censurados, Nogueira perguntou sobre futebol e Médici elogiou Dadá. No dia seguinte circulava por todo o país a manchete “O presidente quer Dario no lugar de Tostão”. Ao ser questionado sobre isso, Saldanha respondeu que “o presidente escala o ministério e eu escalo a seleção”. Resultado: Saldanha perdeu o cargo de técnico, Zagalo assumiu e o que parecia impossível alguns anos antes aconteceu: Dadá foi o único jogador, até hoje, convocado para a Seleção Brasileira por um Presidente da República.
Dadá foi convocado, mas não participou de nenhum jogo da Copa do Mundo de 1970 em que o Brasil se tornou Tri-Campeão.
No ano seguinte Dadá fez o gol mais importante da história do Atlético. O Gol do primeiro e único Campeonato Brasileiro do Galo. Veja o gol abaixo:
Em 73 Dadá foi jogar no Flamengo, para a tristeza de todos os atleticanos. Quando veio jogar no Mineirão contra o Galo, ao invés de revolta, a torcida ficou feliz ao ver Dadá, mesmo que no time adversário. Assim que ele entrou em campo todos começaram a gritar seu nome. Ele voltou a jogar no Atlético em 1974 e 1978.
Durante 21 anos de carreira passou por 16 times. Não importava para onde ia, Dadá era o ídolo das torcidas, mas de coração, é um eterno atleticano.
Depois da carreira de jogador...
Dadá encerrou sua carreira aos 40 anos de idade e resolveu ser treinador. Treinou a Ponte Preta e depois treinou times do interior. Passou pelo Flamengo de Varginha, em Minas Gerais, logo depois foi para o Tiradentes de Brasília. De lá foi para o Ipiranga de Macapá, no Amapá, onde chegou a ser campeão estadual. Ainda no Amapá, comandou no ano seguinte, o São José que não vencia o estadual há 23 anos, levando-o à campeão naquele ano. Saiu do Amapá e foi comandar o Ji-paraná, de Rondônia, onde foi novamente campeão estadual. Seguiu para o interior de São Paulo no comando do Comercial de Registro, onde encerrou sua breve carreira como treinador.Hoje Dadá é comentarista do programa Alterosa Esporte, da Alterosa.
Alguns dados de Dadá
Em 290 jogos, se tornou o segundo maior artilheiro do clube, ao marcar 211 gols. Atuando pelo Sport, em 1975, Dario conquistou uma façanha jamais alcançada por qualquer outro jogador brasileiro. Marcou 10, dos 14 do Sport numa partida contra o Santo Amaro-PE, pelo Campeonato Pernambucano.
Abaixo algumas famosas frases de Dadá Maravilha:
“Não existe gol feio, feio é não fazer gol;”
“Com Dadá em campo não tem placar em branco;”
“Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática;”
“Três coisas que param no ar: helicóptero, beija-flor e Dadá;”
"Dadá não é eterno sua história é que é eterna;"
“Deus porque envelheceste Dadá Maravilha? Isso é pecado;”
"Tem duas coisas que Dadá não sabe fazer: jogar futebol e perder gols;"
"Preocupei-me tanto em fazer gols que não tive tempo de aprender a jogar futebol;"
Por onde Dadá jogou:
Campo Grande-RJ - 1967/1968
Atlético - 1968/1972
Flamengo-RJ - 1973/1974
Atlético - 1974
Sport-PE - 1974/1975
Internacional-RS - 1976/1977
Ponte Preta-SP - 1977/1978
Atlético - 1978/1979
Paysandu-PA - 1979
Náutico-PE - 1980
Santa Cruz-PE - 1981
Bahia-BA - 1981/1982
Goiás-GO - 1983
Coritiba-PR - 1983
América-MG - 1984
Nacional-AM - 1984/1985
XV de Piracicaba-SP - 1985
Douradense-MS - 1986
Comercial de Registro-SP - 1986
Títulos
Pelo Atlético Dadá ganhou 2 Campeonatos Mineiros (1970 e 1978) e 1 Campeonato Brasileiro (1971). Pelo Sport Dadá ganhou apenas 1 Campeonato Pernambucano (1975). Pelo Internacional Dadá ganhou 1 Campeonao Gaúcho e 1 Campeonato Brasileiro (ambos em 1976). Pelo Bahia Dadá ganhou um Campeonato Baiano (1981). E pelo Goiás que Dadá ganhou seu último título na carreira de jogador de futebol, um Campeonato Goiano (1983).
Pela Seleção Dadá foi campeão da Copa do Mundo de 1970.
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